Viva em paz
Assuma o que sente
O primeiro passo é observar as próprias emoções. Costumamos achar que nos conhecemos bastante e podemos agir só com o raciocínio. Mas a verdade é que os acontecimentos cotidianos afetam nossas emoções, e isso faz toda a diferença. Partindo dos mesmos fatos, mas montado em emoções diferentes, nosso raciocínio é capaz de chegar a conclusões (e atitudes) completamente distintas. E às vezes dignas de arrependimento. Isso porque o pensamento não dá conta de todas as variáveis da realidade.
A dica é velha, e por isso mesmo preciosa: em uma situação de confronto, pare e observe a si mesmo. Não, não é fácil descobrir o motivo do seu nervosismo. Facilita se tem alguém para ajudar, como um terapeuta. Mas dá para fazer sozinho, também. E com a prática fica mais rápido.
É claro que, ao espiar o próprio umbigo, periga você achar o que não queria ver: raiva do pai ou da mãe, aquela invejazinha do sucesso do irmão. Não adianta fingir que não viu. Segundo os especialistas, esconder os sentimentos ruins não vai fazê-los ir embora, só vai deixá-los lá, criando conflito e tirando sua paz. A raiva, o egoísmo e a inveja fazem parte da natureza humana. E não vá sair por aí culpando as outras pessoas por isso.
Não julgue
Tentar compreender o que move o outro, em vez de julgá-lo, pode evitar sentimentos que nos tiram a paz, como raiva e ansiedade. É isso que propõe a Comunicação Não-Violenta (CNV), método criado no início dos anos 60 pelo psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg e difundido em 35 países, inclusive no Brasil. O modelo parte do princípio de que devemos entender os sentimentos e as necessidades, nossas e dos outros.
Frequentemente, perdemos o foco das discussões. Quantas vezes brigamos porque um quer passar as férias na praia e outro no campo sem pensar que no fundo o que os dois querem é descansar e curtir bons momentos juntos? O problema é que normalmente acreditamos que para satisfazer nossas necessidades temos que excluir a do outro, como se duas vontades não pudessem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. Pois podem.
O monge indiano Paramahansa Prajñanananda tem uma maneira mais poética e intuitiva de descrever a falta de foco. Um dos mestres da krya ioga, uma técnica milenar que visa o bem-estar, a calma e o equilíbrio, Paramahansa diz que a paz vai embora quando nos distanciamos de nós mesmos. O próprio guru consome o remédio que receita para falta de foco, a meditação.
Quando nos atemos demais ao passado, corremos o risco de alimentar sentimentos como o arrependimento e a mágoa por algo que se fez ou se deixou de fazer ou por experiências ruins. Já quando nos preocupamos demais com o futuro, abrimos espaço para a ansiedade e o medo do que está por vir. Isso não quer dizer que não devamos ter boas memórias ou fazer planos, mas que não podemos viver, exclusivamente, do que já foi ou do que ainda será. Meditar é uma técnica para aumentar a concentração no momento presente.
Aceite a frustração
Aceitar que nem sempre as coisas se resolvem como a gente gostaria é a cartada final na busca da paz. Você fez tudo certinho: compreendeu o que você e o outro sentiam, tomou consciência antes de agir, conversou para tentar achar uma solução que atendesse às necessidades comuns.Mas não resolveu o conflito. Que fazer? Aceitar. E ficar em paz, pois fez tudo o que podia. Como lidar com a frustração? Se for impossível evitar a raiva e a mágoa, melhor vivê-las agora, já. Macerar a mágoa é essencial para que ela fique bem resolvida e, dessa forma, possamos seguir adiante, centrados no que realmente somos e queremos.
Para haver equilíbrio é preciso haver desequilíbrio, são opostos complementares. A paz é um movimento cíclico constante, é uma escolha que se faz a cada dia. Ter paz é saber que tudo é transitório, as coisas boas e as ruins. As paixões, assim como as tristezas, vêm e vão, a calmaria também. E, mesmo num momento de alteração, o simples fato de você saber disso o acalma. Estar em paz é ter a certeza de que se está no caminho.
Fonte: http://vidasimples.abril.com.br
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